terça-feira, 30 de novembro de 2021

Super-heróis do dia a dia

Em uma grande cidade morava um menino chamado Rodrigo. Ele queria ser muito valorizado, quase como um super-homem. Queria ser reconhecido e admirado por todos. Tudo o que fazia, todo o dinheiro que ganhava de seus pais e todos os seus esforços eram usados nesse sentido.

Rodrigo não conseguia perceber o valor dos serviços tidos como “menores” que aconteciam no seu dia a dia, pois eles não eram valorizados pelos adultos ao seu redor. Eles passavam pela sociedade quase desapercebidos, embora fossem essenciais e feitos com muito amor pelas pessoas em seu dia a dia.

Rodrigo queria algo que o fizesse ser bem-visto aos olhos de todos, afinal, queria ser valorizado, querido, apreciado. Quando ficava sabendo que um médico, por operar com sucesso seu paciente foi elogiado e que médicos eram valorizados, queria ser médico. Quando um empresário bem-sucedido recebia aplausos na televisão, queria ser empresário. Quando um banqueiro ficou famoso por emprestar dinheiro para uma grande quantidade de pessoas durante a crise, Rodrigo queria, então, ser banqueiro. Quando via um astro da música popular era aclamado pelos fãs, queria ser cantor. Quando um bombeiro foi bem-sucedido em fazer um resgate e saiu da capa da revista, Rodrigo queria ser bombeiro. Quando a foto de um juiz aparecia em todos os jornais, por ter ajudado a julgar um caso complicado, Rodrigo queria ser juiz. E assim por diante. 
Dessa forma, Rodrigo andava como uma onda, oscilando para cima e para baixo, sem saber quem ele era, o que era realmente importante para ele e quais eram os seus dons e talentos, ou seja, quais coisas tinha facilidade e gosto para realizar.
 
Certo dia, Rodrigo teve um sonho e nesse sonho todas os profissionais passavam por ele. 

O padeiro mostrava-lhe o pão que ele havia comido, o costureiro mostrava a roupa que ele estava usando, o farmacêutico mostrava o remédio que ele tinha tomado que ajudou ele a ser curado, o lixeiro, mostrava a cidade e os rios limpos, pois ele ajudou os papéis, metais, vidros, e plásticos a serem reciclados e o lixo orgânico a ser levado para os aterros sanitários que previnem o lixo de contaminar o solo. Tudo isso foi indispensável para sua saúde e bem-estar. 

O jardineiro lhe mostrou que, sem seu trabalho, não haveria um jardim bonito no parque, nem os animais passarinhos, patos, esquilos, etc, seriam atraídos ao parque, sem as plantas e árvores das quais ele cuidava. Sem a natureza, a cidade ficou só concreto … era muito triste. Além isso, o ar poluído não se renovava, pois não havia plantas e árvores para produzir oxigênio suficiente para o ser humano respirar bem. A vida na terra estaria ameaçada se o ser humano não cuidasse bem da natureza. 

O professor apareceu mostrando como ele e sociedade não conseguiriam resolver os problemas das diversas áreas por falta de conhecimento e sabedoria. A sociedade seria caótica, cheia de problemas mal ou não resolvidos. Tudo quebrado, tudo mal feito ou feito de modo a causar dano. As pessoas não tinham respeito, não sabiam conversar sobre as diferenças sem faltarem com o respeito, não controlavam suas emoções e o país explodiu em violência e as coisas não funcionavam. Então, haveria enorme número de desempregados, e o país precisaria importar profissionais estudados de outros países para saberem como resolver os problemas das diversas áreas de conhecimento (engenheiros, técnicos, enfermeiros, advogados, professores, psicólogos, assistentes sociais, operários de fábricas, artesãos, artistas, músicos, etc) e dos relacionamentos entre as pessoas. 

O sonho de Rodrigo lhe mostrou como seria a vida dele na cidade, sem um dos profissionais que hoje colaboram em suas funções. Tudo não ficava bem. Rodrigo percebeu que muitos dos profissionais existem para contribuírem para atenderem necessidades básicas dos seres humanos como comer, vestir, morar, transportar, se comunicar, ter higiene e boa saúde, etc. Esses profissionais podiam, aos olhos de alguns, passarem desapercebidos ou até erradamente serem considerados não tão importantes, mas eram, na verdade extremamente valiosos e essenciais. 

Em seu sonho, cada profissional aparecia a ele mostrando o fruto e importância do seu trabalho, onde o fruto do seu trabalho era indispensável para a vida dele. Rodrigo entendeu que todos os profissionais são importantes e fundamentais – e todos deveriam ser valorizados e serem pagos suficientemente bem para terem boa qualidade de vida, sem que nada essencial lhes faltasse. 

Também notou que todos eles têm dias difíceis e dias vitoriosos, mas nem sempre seu trabalho é reconhecido, embora tenha muito valor, valor indispensável para a sociedade. Sem o professor, as pessoas não poderiam aprender.. sem o agricultor, as pessoas não teriam nem frutas nem vegetais -tudo tem ciência – sem a tecelã e a costureira, não teríamos o que vestir; sem o construtor, não teríamos onde morar, e assim por diante. 
Mas pensou: então porque cada um deles não é valorizado e não ganha o suficiente para viver sem estar preocupado em pagar as contas ou se algo ira lhes faltar? Rodrigo refletia: "Todos estão colaborando para as necessidades humanas. O mais importante não é qual dom ou talento uma pessoa tem ou desenvolve, mas o amor com que ela usa seus talentos e dons...fazer para beneficiar a outros através de seu trabalho". 

Quando acordou, fez a pergunta a seu pai: "Pai, por que todos os profissionais que fazem bem seu trabalho não são valorizados? Por que alguns não ganham o suficiente para viverem sem se preocuparem se algo vai faltar ou se vão conseguir pagar as contas? ".
  "Esta é uma longa história" – respondeu o Pai. 
 E disse: - "Algumas pessoas querem ser mais valorizadas que as outras, ou terem mais dinheiro, reconhecimento ou poder. Então, elas diminuem o valor do serviço dos outros aos olhos da sociedade para elas mesmas ganharem mais, e com isso, ficarem mais ricas e influentes".
 "E os considerados “pequenos” profissionais não podem fazer nada?" - disse Rodrigo. "Eles tem sindicatos, mas os governos não dão muita atenção para eles, para que os grandes continuem tendo vantagens sobre eles"- respondeu o Pai. 
 "Mas, por quê? " "Acredito que algumas pessoas perdem a noção do que é mais importante no trabalho e na vida: beneficiar aos outros, por amor às pessoas. Então, elas se perdem e acabam fazendo esse tipo de injustiça, por que querem ser ricas ou poderosas ou aplaudidas pela sociedade. Mas há esperança filho! Há muitos trabalhadores que continuam fazendo seu trabalho por amor, beneficiando as pessoas, sem prejudicarem ninguém. Elas não desvalorizam os serviços dos quais se beneficiam todos os dias e são agradecidas a todos. 
Afinal, todos somos interdependentes e precisamos de muitas coisas e serviços uns dos outros para sobrevivermos e termos boa qualidade de vida.
 Muitas pessoas nos ajudam todos os dias, mesmo que não as vejamos. Por exemplo, os profissionais que estão tratando a água para que possamos tomar um banho limpo ou beber água potável. Raramente vemos esses profissionais. Mas eles estão trabalhando para nós". 
 Nós devemos ser agradecidos e lembrar que o trabalho de cada profissional exige esforço, conhecimento e dedicação, e que ele nos beneficia todos os dias. 
Assim como gostaríamos que outros não desvalorizassem nosso trabalho, não devemos nunca desvalorizar o trabalho dos outros. Pois, somos beneficiados por eles todos os dias, mesmo que alguns não nos valorizem. Todo serviço correto que ajuda a suprir as necessidades básicas humanas, tem muito valor, principalmente se for feito com amor no coração, gerando somente benefício à sociedade. 

Rodrigo disse ao Pai: "Pai, de agora em diante vou ser muito mais agradecido a cada um deles. E vou contar aos meus colegas que todos são tão importantes que não podemos viver bem sem o serviço que eles fazem. Assim, mais pessoas não vão aceitar que eles sejam desvalorizados ou não tenham boas condições de salário e vida".
"Boa ideia, filho. Vou procurar elogiá-los mais e ser mais agradecido a eles também. Afinal, você pode imaginar quanto trabalho teríamos que fazer sozinhos se eles não existissem? Nenhum de nós conseguiria viver bem. A sociedade é feita de cooperação, respeito e valorização mútua. E todos tem dons e talentos únicos para colaborarem nessa rede cooperativa."

Quando Nossa Educação Deseduca

  A nossa educação deseduca sempre que ensinamos conhecimentos, sem instruir os valores éticos que devem dirigi-los. A nossa educação ...