sexta-feira, 9 de junho de 2023

Quando Nossa Educação Deseduca

 


A nossa educação deseduca sempre que ensinamos conhecimentos, sem instruir os valores éticos que devem dirigi-los.

A nossa educação deseduca quando há muita informação, mas pouco ensino dos princípios de amor e justiça que servem para saber o que fazer com ela. Assim, a informação como sendo uma forma de poder, torna-se um poder sem freios, sem medidas, sem limite, por que carece dos princípios éticos norteadores das decisões, os conceitos de amor e retidão nas situações específicas e suas práticas comportamentais na vida real.

Viver em uma sociedade democrática, onde o livre-arbítrio é respeitado, não é, de forma alguma, viver em uma sociedade imoral, onde a liberdade se confunde com legitimação do mal, pela soberania do dinheiro sobre o amor e a retidão. Afinal, quem é bem-visto e valorizado? O que alcança sucesso, que, nessa sociedade está sempre vinculado ao dinheiro, ao poder, à aparência, ao status.

O dinheiro paga os outdoors, filmes e mídia. Por isso eles podem colocar quaisquer imagens e instruir valores corrompidos às massas, sem que as mesmas tenham propaganda ou ensino da mesma magnitude dos bons valores. Eles nos apontam como é desumana a falta de oportunidade de emprego a uma pessoa e como é cruel uma sociedade onde um não cuida do outro, não ama ao próximo como a si mesmo. Pelo contrário, muitas vezes o deixa perecer.

Parece que criamos um monstro ao longo da história, monstro esse do qual todos somos responsáveis, mas quem se responsabiliza? Na parte que me cabe, quero deixar claro que o sistema em que vivemos é injusto, desrespeitoso, imoral, usa pessoas e não ama, é oportunista e não cuida, é aproveitador. E cada um tenta salvar a si mesmo desse monstro, mas somos nós mesmos que não dizemos “não queremos esse "monstro", não aceitamos, queremos algo amoroso e justo”.

Começa desde cedo na escola. Somos chamados a saber tanta informação e a sermos tão exigidos. Somos colocados numa competição em que as notas nos medem e nos comparam. Do lado de fora, o pedinte e sua família moradora de rua. Mas, os adultos deveriam poder trabalhar, por que não estão trabalhando? Alguns podem, mas não querem trabalhar, mas acredito não ser o caso da maioria. Todo ser humano tem valor intrínseco, talentos e dons a serem desenvolvidos e aplicados na sociedade. Mas, então, por que há excluídos? Todos podem ajudar em algo, cooperar para suprirmos as necessidades uns dos outros. O que está acontecendo? Será que a competição na escola é para dizer que os que tiverem melhor nota terão emprego e os demais serão excluídos? Mas exclusão seria imoral, a não ser que a pessoa tenha tomado essa decisão por ela mesma. Mas e as demais pessoas excluídas? Estamos falhando com elas como sociedade. Talvez também suas famílias tenham falhado. Mas quem tomará a responsabilidade e as ajudará? Onde anda a justiça social? Se cometemos erros enquanto sociedade, devemos repará-los, assumirmos a responsabilidade.

Ah, estamos copiando modelos? Seriamos nós independentes ou semicolônias, ou ainda não temos o direito e o livre-arbítrio de escolhermos o que queremos ser enquanto nação? Ah, quem faz faculdade é valorizado, quem não faz, não? Então, todos faremos faculdade para não sermos humilhados ou subempregados. Por que não valorizamos as carreiras técnicas? Por que não damos valor aos ofícios manuais? Ao pequeno agricultor? Por que é a ditadura das máquinas e dos robôs? Mas quem está impondo a tecnologia sobre nós e para quê? Quem decidiu e quem é conivente? Antigamente esse tipo de atitude era chamada “progresso”. Progresso que arruína vidas e destrói natureza? Seria melhor voltarmos a usar técnicas rudimentares e que todo indivíduo tivesse emprego e seu sustento e dignidade, não ? Quem está decidindo? Quem está aceitando passivamente? Aquele que anda na onda da tecnologia porque dá dinheiro? Então, o dinheiro é o guia, e a vida fácil, sem se esforçar, e saber muitas coisas, sem saber como usá-las e sem beneficiar ninguém? O que é real e o que não existe? O que é benéfico para o ser humano? Para todos?

Essa sociedade se assemelha a uma selva brutal, onde alguns privilegiados nos diversos aspectos podem talvez se “desenvolver plenamente” e outros não. Se escolherem uma profissão valorizada economicamente, serão bem-sucedidos em suas carreiras, e os demais não. Aqueles que não conseguiram se desenvolve bem e assim contribuir com seus potenciais na sociedade tentarão sobreviver, por que as condições não existiam e amor não chegou lá ainda. Então, ao invés de ajudarmos os jovens a desenvolverem seus potenciais e formarmos um círculo de solidariedade e cooperação entre todos, reina uma competição barbárica com seus coices excluindo e marginalizando gente. Por que marginalizando? Por que não tiveram condições e ambientes adequados ao desenvolvimento de seus potenciais, quer por que seus lares eram disfuncionais, quer por que suas escolas eram ambientes agressivos, quer por que suas faculdades eram lugares em que o filtro é mais espesso e o conhecimento inflou levando junto nesse balão de glória, o amor, a compaixão, a solidariedade, a justiça, o cuidado com o próximo, muito embora o conhecimento e as teses sejam de sofisticação cada vez maiores.

Enquanto o conhecimento for regido pela circunstância da ganância de alguns, ou da sede de poder de outros, e não pelo amor e a justiça, é impossível educar para formar uma sociedade melhor. A competição, a diminuição do próximo, o egoísmo, a soberba e a indiferença tornaram-se rolos compressores sobre os demais valores, regendo o conhecimento, tornando a vida dos jovens sem sentido. Deve ele olhar para tudo isso e pensar: onde estou? Vou entrar no jogo da competição para me dar bem ou vou escolher fazer o que acredito ser correto e necessário fazer, usando meus dons e talentos? Mas se eu pensar em cuidar dos outros, ninguém vai cuidar de mim, vou acabar na rua...

Quem vai me ensinar uma profissão? Na escola há um monte de conhecimentos…. Mas e na vida real, como eu uso? Quem vai me dar a oportunidade de ser treinado, de colocar meus conhecimentos em prática? Não posso competir com os mais experientes...Mas quem se importa com os que não têm experiência? Quem vai ajudá-los a terem oportunidades positivas de treinamento e desenvolvimento? Quem vai considerar que as falhas são parte do aprendizado de todos?

Se a sociedade pensa só em si mesma, não pode desenvolver os mais novos, pois está centrada em sua sobrevivência e em seu lucro, e não associou seu dia a dia a ajudar a nova geração a se desenvolver. Esqueceu que um dia teve oportunidade, porque alguém mais experiente se importou com ela. Ou só porque era conveniente e oportuno ou lucrativo para o chefe ou para a empresa? Será que estamos fazendo só o que nos traz lucro, sem pensar no que é benéfico para os outros? Estamos sendo generosos em ajudar a nova geração? Ou só meu filho é meu filho, e com o filho dos outros não se importa? Então, como o pai do outro será com o meu filho? Que tipo de habitat hostil estamos criando com essas atitudes voltadas para o dinheiro – é ele o que move tudo? Assim não há sentido na vida, sentem até as crianças.

Não é tudo que conhecemos e podemos que devemos fazer. O poder e o saber não são suficientes para dirigir nosso ser. É preciso escolhermos nos guiar por valores éticos, pelo propósito de servir ao próximo, beneficiando-o e sendo justos com ele. É preciso vivermos em cooperação e solidariedade. Quem dirige as rédeas do nosso destino enquanto sociedade? A ganância de alguns? A ditadura do egoismo ou da tecnologia?

É preferível todos termos emprego, dignidade e bem-estar a vermos pessoas excluídas nas ruas por um sistema cheio de informação e tecnologia, mas sem amor, cuidado e valorização mútua, sem justiça social. Todos estão entregue a uma competição hostil, onde os que tiveram mais condições se desenvolvem, e os outros, embora se esforcem não acham lugar para expressar suas habilidades, saberes e frutos de seus dons e talentos. Ou não tem o perfil ou personalidade ou maturidade que o mercado aprova. Mas como crescerá sem oportunidade para se desenvolver nos diversos aspectos de seu ser?

É essa a sociedade injusta com que todos somos coniventes, se não nos posicionarmos e fizermos tudo que está em nossas possibilidades fazer para reavivar o amor, o cuidado mútuo, a solidariedade e o altruísmo. Assim, todos seremos felizes e nossas vidas serão cheias de sentido, sentido que só uma vida de amor e a retidão que vêm do Criador traz.

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