domingo, 2 de maio de 2021

De que vale o conhecimento quando o dinheiro é o "deus" da sociedade?


 

O ser humano para viver tem necessidades básicas tais como comer, vestir, morar, ter boa saúde. Precisa plantar e colher os frutos para se alimentar. Precisa extrair materiais da natureza para construir sua moradia, tais como metais, madeira, pedra, etc. Para vestir, descobriu que o algodão era útil para fazer roupas, através da confecção de fios e do trabalho de entrelaçar esses fios. Com o tempo, foi descobrindo formas de tornar menos árduo o trabalho de construção, plantação, colheita, fabricação de tecidos, limpeza. Ao longo de muitos e muitos anos, o trabalho manual tem se tornado mais “leve”, através da tecnologia, das máquinas, novos compostos e substâncias químicas fabricadas ou manipuladas pelo ser humano, que fazem, em nosso lugar, parte do trabalho mecânico que antes fazíamos.

Muitas vezes a sociedade tem aplicado a tecnologia, as novas invenções, sem antes avaliar seu impacto ambiental e social. Alguns exemplos gritantes da atualidade são a liberação e até substituição dos alimentos por alimentos transgênicos, cujas consequências não são tão conhecidas. Outro exemplo, os desodorantes convencionais foram praticamente substituídos por desodorantes anti-transpirantes, que retém as impurezas do suor dentro do organismo. Podem, com isso, gerar novas modalidades de doenças, mas colocam a economia e seu lucro acima do bem-estar social. A crescente substituição dos empregados humanos pelas máquinas e robôs geram cada vez mais desemprego. Não é desconhecido na história o impacto (social e ambiental) causado pelas máquinas térmicas, como as máquinas a vapor. Fez com que o ser humano pudesse produzir mais tecidos, com maior facilidade. No entanto, o trabalhador foi ainda mais explorado na sua jornada de trabalho extensa e insalubre, tão bem retratada por Charles Chaplin, na sua obra prima “Tempos Modernos”. Será possível que já a esquecemos? Nas capitais dos países ricos, há pessoas pedindo dinheiro nas ruas. Para que concentrar riqueza nas mãos de alguns, sem cuidar da necessidade do outro? Isso é verdadeira riqueza e sabedoria? Que felicidade há nisso? Que solidariedade existe em não se importar com a dor do nosso semelhante, com a injustiça que a sociedade prolifera sem culpa na consciência?

Como vemos, a tecnologia tem sido usada para trazer conforto à sociedade para suprir suas necessidades humanas básicas, mas tem, em muitos aspectos, tornado a vida humana mais penosa, e gerando doenças na sociedade e desastres na ecologia. A tecnologia e a ciência, tem sido usadas também como instrumento de enriquecimento dos mais privilegiados, tem dado vazão `a ganância dos poderosos e ao descuido com o menos favorecido. Não precisa ser assim. Não deve ser assim. Se os valores éticos pautassem as decisões, tudo seria usado para o bem. Mas quando a cobiça, a ganância, o amor ao status, à riqueza e poder prevalecem, tudo é usado para o dano.

Será que o que patrocina ou move pesquisas científicas e tecnológicas, muitas vezes, continua sendo para alimentar a ganância, o luxo, o descaso com o mais carente? Conhecer não é, necessariamente, ter sabedoria. Ter sabedoria é colocar o conhecimento em prol de todos os seres humanos, da sociedade como um todo, da natureza, e usar o conhecimento para construir, não para destruir. Para causar o bem, não para tornar maior o sofrimento e o dano. Mas quem está pesando os riscos e benefícios, os prós e os contras, coloca o dinheiro acima de tudo, como valor supremo ?

E onde a sabedoria está sendo ensinada nas escolas? Através da exploração e desvalorização do professor pelo governo, dando-lhes vida penosa e sacrificante ? As escolas sem psicólogo, sem bedel, sem assistente social em número suficiente, sem estrutura para tratar de todos os desafios e crises que a criança e o adolescente já passa em sua casa, bairro e cidade ?. E que tipo de conhecimento é espalhado? para que serve para aliviar o estrago social do cotidiano dessas pessoas? qual a relação desse conhecimento com as necessidades humanas básicas? Como o aluno consegue com a escola entender seu papel na sociedade, através do exercício dos seus talentos? Ele reconhece os problemas? Ele vê esperança? Como o aluno pode ser um agente na construção do futuro? Estudo e conhecimento tem valor para o país, para o mundo? Para construir um país melhor ou só para conseguir um salário digno? Os alunos tem condições de serem indivíduos críticos, que sabem como ajudar, cooperar e se inserir dentro da problemática social e no planeta? Quem são seus exemplos de vida? Como eles vivem? São eles excluídos? Há liberdade para descobrir seus próprios dons, talentos e interesses, com respeito a como ajudar a sociedade? Quem está orientando essa juventude? Eles se sentem esperançosos? Ou será que querem se tornar como os que os oprimem hoje, para não serem mais a parte oprimida, porque cansaram da dor?

O Governo tem obrigação de pôr limite nos abusos e naquilo que gera dano à sociedade como um todo ou ao menos favorecido. O dinheiro não pode ditar sobre os demais valores, Os valores éticos devem limitar os abusos cometidos pelos detentores de poder, dinheiro e posição. E quando o governo se coliga com os gananciosos e vende seus valores éticos? Nós, como população, não podemos dizer que não queremos esses governantes? Não podemos nos organizar em cooperativas de apoio, cuidado mútuo e solidariedade?

É preciso escolher e nos apegarmos firmemente aos valores éticos, para que a corrupção não se alastre desde o menor até o maior. Pois aí, não haverá futuro para a nação caótica, a Sodoma e Gomorra, onde cada um passando por cima dos valores éticos, cuida apenas do seu, e usa instrumentos ilícitos para saciar suas cobiças e interesses pessoais. Ou se põe um fim, se apegando aos valores de respeito, amor, cooperação, direitos de alimentação, moradia, dignidade, trabalho, a todos, ou a opressão do dinheiro e poder sobre os menos favorecidos e aos que amam as outras pessoas, será cada vez maior, intolerável. Ou cuidamos uns dos outros, ou desfalecemos como nação.

Se deixarmos, o dinheiro atua como um deus em nossa sociedade, passando por cima da dignidade dos outros seres humanos, do meio ambiente, do bem-estar social, principalmente, em detrimento dos que receberam menos desde o seu nascimento (os menos favorecidos), privados de condições apropriadas de desenvolvimento e inserção social.

Se continuarmos deixando o dinheiro ser um deus em nossa vida, cada vez mais pessoas que se dedicam ao cuidado mútuo, ao amor, à educação, à justiça, ou seja, ao que realmente tem valor, não vão ter espaço nessa sociedade onde o dinheiro prevalece como um deus. E também a vida dos mais privilegiados, dos que se deixam vender seus valores éticos ou seduzir pelo dinheiro, torna-se mais sem sentido, sem amor, pois que felicidade há sem amar, sem se doar pelo próximo? Que felicidade há em ver nas ruas o sofrimento cada vez maior do povo que se corrompe e adere ao sistema onde o lucro é acima do respeito, da consideração, do bom tratamento, do não fazer para o outro o que não se deseja para si mesmo (o verdadeiro amor)?

O conhecimento é diferente de sabedoria. A sabedoria mede consequências, coloca o ser humano e seus valores em primeiro lugar. A sabedoria não causa dano ao próximo nem à natureza. Temos liberdade, mas não é tudo que podemos ou que devemos, ou que tem boas consequências.

Todos os indivíduos devem ter direito ao desenvolvimento pleno, à descoberta e exercício dos seus talentos e dons. Todo indivíduo deve ter direito ao trabalho sem exploração e à contribuição à sociedade. Todo indivíduo deve ter direito a cuidar de sua saúde, direito à habitação, direito a viver numa sociedade que cultiva o respeito mútuo, a cooperação mútua e a paz. Toda pessoa deve ter direito de andar nas ruas sem medo de violência. Toda pessoa deve ter direito de ter contato com a natureza a qual faz parte (é uma necessidade humana básica que influencia o bem-estar humano), a habitar em torno dela e compreendê-la, respeitá-la e estar em harmonia com ela, sem danificá-la.

Precisamos tomar responsabilidade sobre as nossas vidas e sobre a vida da nossa nação. É o povo que decide o que quer, cada indivíduo que escolhe que valores e o que vai semear na vida. Se vai deixar o dinheiro oprimi-lo e escravizá-lo, ou se vai se mover para pôr fim aos abusos, às corrupções e se unir aos demais que escolheram o amor e a justiça para reconstruir a nação, para fiscalizar e denunciar a imoralidade, para respeitar a esposa, o esposo, a família, o outro e o que a ele pertence. Precisamos tomar responsabilidade para aprender em quem votar e como cobrar dos eleitos coerência com suas propostas, e não desistir de lutar pelos valores éticos. Existe um Deus verdadeiro, e não é o dinheiro, nem nada criado pelo ser humano. Vamos erguer a voz por aqueles que não tem como se defender e ajudá-los com todo amor, como se fossemos nós mesmos, pois o amor se importa e o amor se doa para benefício do próximo. E o Criador está com os que escolhem o amor e a justiça, e salva da mão do opressor. Se nos apegarmos à integridade e ao amor, apesar de outros (ou até muitos) escolherem outros caminhos, haverá esperança. Sejamos corajosos.


Quando Nossa Educação Deseduca

  A nossa educação deseduca sempre que ensinamos conhecimentos, sem instruir os valores éticos que devem dirigi-los. A nossa educação ...