quarta-feira, 2 de junho de 2021

Sem imparcialidade não é possível uma Sociedade ser justa

    Um obstáculo importante para uma sociedade ser justa é praticar o valor ético da imparcialidade. 

    Mas no que consiste esse valor ético?

   Ser imparcial consiste em avaliar ou julgar atitudes ou ações pelos mesmos critérios e valores éticos, sem dar preferência a certas partes, partidos, grupos ou indivíduos.

    Todos podemos apreciar esse ou aquele grupo, se identificar mais com essa ou aquele grupo ou mentalidade, conjunto de habilidades, etc. Apesar de preferir estar nessa ou naquela companhia, ou ter mais afinidade com esse ou aquele grupo, na hora de avaliar ou julgar um comportamento, não podemos dar preferência no nosso julgamento aos grupos ou indivíduos dos quais somos mais próximos, ou àqueles com quem temos afinidade, ou ao que nos é familiar, ou aquele que nos dá maior lucro ou favorece interesses pessoais nossas ou de outras partes. 

    Não é ético dar preferência ao que é meu, ou ao que me beneficia. Então, como é o julgamento ético? O julgamento ético é baseado nos mesmos valores e critérios para com todos, sem diferença entre pessoas, por pertencer a esse ou essa família ou grupo. O compromisso maior deve ser com os valores éticos, não com pessoas. De outro modo cairíamos no favorecimento de essa ou aquela pessoa, transgredindo os valores da ética a qual deveríamos ser comprometidos. O que realmente beneficia as pessoas e a sociedade é que ajudemos uns aos outros a andarem conforme os valores éticos tais como: não usar dois pesos e duas medidas, ou seja, não usar de um critério para com certas pessoas, e outro critério para outras pessoas.

    Todo indivíduo é alguém diferente, com diferente essência (alma), diferentes e únicas características. Todos temos igual valor para o Criador que nos fez. Os mesmos critérios ou valores éticos devem ser aplicados na avaliações das pessoas, sem exercer preferência por um ou outro, mesmo que o outro seja mais próximo a nós afetivamente, economicamente, socialmente, religiosamente, ou em qualquer outra esfera humana de relacionamentos interpessoais, grupais ou sociais.



 “Não serás parcial no julgamento; ouvirás assim o pequeno como o grande. Não temas homem algum porque o julgamento é de Deus” (Deuteronômio 1:17). 

Não torcerás o juízo, não mostrarás parcialidade nem tomarás suborno, porque o suborno cega os olhos dos sábios e perverte as palavras dos justos” (Deuteronômio 16:19). 

Não farás injustiça no juízo, não favorecerás o pobre ou demonstrarás deferência ao rico; com justiça julgará o teu próximo” (Levítico 19:16).

    Entretanto, há situações desfavoráveis e frágeis, em que qualquer pessoa precisa de ajuda. A sociedade deve, então, ajudar toda pessoa que se encontre nessas situações vulneráveis, de modo a que tenham direito de viver em dignidade e ser parte  ativa da sociedade, superando suas dificuldades que, na ausência de ajuda, poderiam levar essas pessoas à condição de risco. Qualquer pessoa,  quando se encontra em condição desfavorável ou frágil, frente a sociedade, deve receber ajuda para superar suas maiores dificuldades. Essa ajuda deve ser a mesma, sem distinção entre pessoas, mas igualmente dada a qualquer pessoa que se encontre nessa situação. Essas são as condições dos estrangeiros, das viúvas, dos pobres e dos órfãos (Deuteronômio 10:18-19; 24:20-21; Levítico 19:9-10; Êxodo 22:21-22).

    Deve haver um cuidado especial na proteção daquele que se encontra em situação mais frágil ou desfavorável:  com o estrangeiro, com o órfão e da viúva (Êxodo 22/21-22 e Deuteronômio 10/18-19), com o pobre (as sobras da colheita deveriam ser deixadas para o pobre, o estrangeiro, o órfão e a viúva (Levítico 19/9-10 e Deuteronômio 24/20-21).

    Devemos lembrar de que não recebemos igualmente a todas as pessoas, temos recebido conforme o lar, contexto, e sociedade em que nascemos. Se nós como sociedade não estamos dando plenas condições de desenvolvimento de uma pessoa, devemos providenciar conserto, de modo a suprir as necessidades dela, para que seja alguém plenamente capaz, inserido e participante na sociedade no exercício do seus dons e talentos. Ser responsável socialmente implica em sermos comprometidos em ajudar uns aos outros em suprir aquilo que nos foi privado, tanto pela sociedade quanto pela família, sanando as brechas que causam dano ao indivíduo, e consequentemente, à sociedade. 

    O individualismo opera contra a responsabilidade social. O governo e sociedade devem zelar pela educação e formação do indivíduo. A responsabilidade social exige que se nós como sociedade causamos dano a um indivíduo, cabe a nós, ajudarmos no conserto, na mesma intensidade do dano anteriormente causado (Êxodo 21:24; 22);

    Para sermos imparciais devemos investigar, interrogar as pessoas e partes envolvidas da mesma maneira, sem diferença.

    Não se pode tirar de nenhum ser humano os instrumentos básicos necessários à sua subsistência ou exercício profissional, independente quem seja esse ser humano (Deuteronômio {Devarim} 24:6).

    Não se pode condenar os filhos pelos pecados dos pais, nem os pais pelos dos filhos (se esses já atingiram sua idade de responsabilidade por si mesmo) (Deuteronômio {Devarim} 24:16). Cabe à sociedade cuidar para que os jovens recebam boas instruções para viver, de modo a poderem tomar responsabilidade por si mesmos e ter consciência dos valores que adotaram para a vida e a relação das atitudes com esses.

    Não se pode fraudar pesos ou medidas (Levítico {Vaykra} 19:35-36, Deuteronômio {Devarim} 25:13-15). A balança antiga (vide figura) costumava pesar as coisas de um lado da balança com a referência de um peso de massa conhecida, do outro lado. Se houvesse mudança do peso de medida (de referência ao pesar dos demais), todas a medida estaria alterada. Da mesma forma é a parcialidade: altera o peso da medida de referência, ou, analogamente, adultera os valores éticos (que são os padrões com os quais medimos as ações humanas), conforme o  freguês que vai pesar. Assim, a parcialidade pesa um de uma maneira, e outra pessoa, de outra maneira, com uma outra medida ou peso. 

    A parcialidade é uma  forma de corrupção muito comum e assim como as outras injustiças está enraizada na ausência de crença de que ser justo e andar em retidão é o caminho mais abençoador na vida (apesar da corrupção das outras pessoas, o que escolhe viver em justiça e amor, escolhe a vida), assim como está escrito na Bíblia Hebraica, que afirma:


"Quem anda em integridade habita em segurança"- Provérbios 10:9

"O Eterno é o Meu Pastor, nada me faltará" (Quem anda no caminho guiado pelo Eterno não tem falta de nada) - Salmos 23:1

"O justo pela sua fé viverá"  (a justiça vem do que exercita a fé no Criador) -Habacuque (Habakuk)  2:4

    
     Devemos lembrar que nada pode se fazer de garantia a uma vida feliz e próspera (mesmo bens acumulados podem ser perdidos de diversas formas no momento seguinte, conforme a vontade do Criador), exceto a prática do amor e justiça verdadeiros, os valores éticos (dados pelo Criador à humanidade na Bíblia Hebraica). A transgressão a esses valores pode dar ilusório lucro momentâneo, mas que não perdura, assim como nada que não é semeado em justiça e amor, no anseio de beneficiar ao próximo e ajudá-lo a andar nos caminhos prósperos e íntegros do não fazer para o próximo aquilo que não se deseja para si mesmo (Salmo 73). 

    Somente o Criador pode garantir algo, e ele garante ao que andam em retidão e justiça, e ama ao Criador e ao próximo como a si mesmo, e nesse compromisso, cresce mais e mais a cada dia essa direção. Sem a fé de que o Criador é maior que os poderosos e corruptos e quem quer que seja, o indivíduo, sentindo-se oprimido, pode querer dar um jeito para que a justiça seja feita. A solução que resulta em algum bem não é senão que ele mesmo ande em justiça e amor com Seu Criador e com as pessoas, crendo que não haverá futuro para o homem corrupto, mesmo que sua opressão parece durar para sempre e derrame muitas lágrimas, pois a salvação do justo da mão dos opressores é certa. É somente questão de tempo. 

    Seja cada um o exemplo da sociedade que se quer construir, com fé no Criador, que é maior que todos os poderes e honras humanos. Para sermos justos é necessário essa fé no Criador e  desejo de viver o amor e a justiça acima de quaisquer outros desejos.






Quando Nossa Educação Deseduca

  A nossa educação deseduca sempre que ensinamos conhecimentos, sem instruir os valores éticos que devem dirigi-los. A nossa educação ...