quinta-feira, 15 de abril de 2021

Educação para a Vida: cuidar de si e dos outros



Educar é ajudar no desenvolvimento de um ser, em florescer sua essência e potencialidades.

Educar não é moldar em um padrão. Não é criar cópias do educador. É respeitar o ser como o Criador o fez, ajudá-lo em sua autodescoberta e na sua descoberta do seu mundo ao redor e papel a desempenhar (Provérbios {Mishlei} 22:6).

Para o Criador, todos são perfeitos em essência, à imagem e semelhança dEle. Todos tem propósito e missão. Cabe descobri-las. E então, ajuntar-se a grande orquestra de diferentes essências e talentos existentes.

Não há só um tipo de beleza ou alvo desejado. As diferentes pessoas são como as diferentes plantas e flores. Precisam de condições diferentes para se desenvolver bem e se adaptar. Não estão em competição, mas em harmonia, quando cada um exerce a expressão do seu ser e habilidades plenamente. O conjunto é a orquestra do Criador. Não podia ser melhor e mais perfeita.

O ser humano pode produzir plantações uniformes, mas o Criador e a natureza criada são plurais e se relacionam em harmonia.

O ser humano deve aprender com o Criador a respeitar a identidade de cada um e o desenvolvimento de cada um. Abraçar o diferente, ajudá-lo e apreciar suas belas características, também à imagem e semelhança do Criador. Nem um de nós, seres criados, é o centro da criação. O centro e propósito último é o Criador e a manifestação de Suas boas, justas e belas características, das quais todos fazemos parte.

Se alguém ou algo está em perigo de não se desenvolver bem, não devemos descansar enquanto não ajudarmos aquela parte. Pois sem uma só parte, não há harmonia do todo. Algo está faltando, algo precioso que expressa de maneira única características do Criador que nós nem outros temos, nem somos capazes de manifestar.

Erroneamente no passado, estudiosos da natureza notificavam um mundo em competição, um em detrimento do outro, disputas e guerras. A história revela a destruição que disputas e guerras causam, tanto no desenvolvimento, quanto na extinção da vidaO caminho da vida, conforme entendo, é o contrário: é aprender a cooperar. Também é compreendido pela ciência que seres que cooperam entre si, conseguem melhor se desenvolver e lutar contra os desafios da sobrevivência. Não há guerra, há paz, e todos tem dignidade e contribuem sua parte a outros, e todos precisam uns dos outros, são interdependentes. Esse, entendo eu, é o verdadeiro caminho da vida. Não por utilitarismo e pela sobrevivência e vida em si, mas pelo objetivo genuíno do querer bem e no intuito de ajudar uns aos outros, encontramos o sustento e a vida. Realmente quem escolhe o amor e o cuidado dos outros e o andar em justiça, encontra a vida (Provérbios {Mishlei} 21:21). E o que se preocupa só com os próprios problemas e sobrevivência, terá dificuldades por fim.

O amor é  decisão que vem da alma e opera para a vida. Mas, o egocentrismo, o individualismo, o culto ao conhecimento, ao dinheiro, ao poder, à honra, às "conquistas" individuais, à fama, tem gerado destruição e morte em nossa sociedade. Tem gerado infelicidade e miséria tanto físicas quanto emocionais e espirituais. É preciso que o ser humano volte a funcionar com saúde na alma e no corpo. Para isso, é necessária uma decisão: amar e cuidar dos outros seres humanos e da natureza. Pensar no bem estar do outro e da coletividade. Não desistir de ajudar o menos favorecido, até que ele atinja condições de desenvolvimento para fazer parte da harmonia e cooperação social. Enquanto não alcançarmos esse objetivo o mundo continuará doente, pois está desligado de sua verdadeira essência, que é o amor.

Se cada um tivesse o compromisso do cuidado de si mesmo, mas também das outras pessoas e se preocupasse em ajudar uns aos outros, todos lutariam para encontrar soluções para os problemas conjuntamente. Em algum momento da história, o ser humano tem desistido de cuidar do próximo, com a desculpa de que ninguém cuidará dele. Assim tem escolhido o individualismo. Mas o altruísmo não vê outra solução de paz e vida que não seja decidir se doar pelas outras pessoas e também por si mesmo. Fazer sua parte na responsabilidade individual e também na coletiva, pois uma não ocorre sem a outra.

Ninguém nunca se fez sozinho no mundo. Todos recebemos desde bebês muito de muitas pessoas, de diversas maneiras. E ainda hoje, somos sustentados pelo trabalho de muitos. Ninguém basta  a si mesmo. O caminho do individualismo não tem fim. Gera individualismo que gera mais individualismo, e assim, mais e mais pessoas são excluídas da harmonia do todo, e o todo vai se tornando cada vez menor, menor, menor, uma elite, depois um pequeno grupo, e assim por diante.

O caminho da vida é o oposto. Se um indivíduo deseja se doar ao próximo, além de cuidar de si mesmo, tomando responsabilidade sobre si mesmo e também em ajudar os outros no que está em seu poder, esse ajuda outra a se doar ao próximo. O outro ajuda o outro, e assim por diante. Uma rede cooperativa vai se formando e cada vez mais pessoas são ajudadas e fortalecidas e conseguem melhores condições de vida e de desenvolvimento, e assim por diante, até incluírem todos. Então o sofrimento cessa. Todos tem dignidade e podem se desenvolver e desempenhar suas funções plenamente no mundo. 

Não é fácil o caminho da vida. Tem adversidades. Mas é o único caminho que constrói. Constrói mais amor e ajuda a construir o outro e todos cooperam e fazem parte. É difícil ter que lutar contra indivíduos que teimam quererem construir só para si mesmos privilégios, honrarias, "boas condições", "boa vida". 

Mas, uma vida egocêntrica, onde somente um ou poucos prosperam, é uma vida miserável, pois não há amor para os milhares que estão fora sem poder se desenvolver. É uma ilusão. Pode ser uma vida rica materialmente, mas por dentro, é espiritualmente miserável e infeliz. A riqueza, o poder, o sucesso, a honra, a inteligência, a intelectualidade ou qualquer outra coisa que esteja seduzindo o egoísta, já provaram seu poder de destruir vidas e gerar infelicidade. Pois a felicidade está em amar e ajudar outros a serem também felizes. E isso não vem sem integridade, retidão, amor, bondade, cooperação. 

Por isso, precisamos agarrar os valores éticos, o verdadeiro amor e justiça, e andar neles com toda nossa força e lutar por eles com tudo que temos e somos. Pois nisso está nossa vida e nossa felicidade, e tudo que semearmos e plantarmos na vida que não for para o intuito do amor e justiça, perecerá. Pois a natureza da sua própria intenção fará isso. Escolhemos, então, hoje a vida (como está escrito na Torá, em Deuteronômio caps.30 e 31). E a vida é o amor: não fazer para o outro o que não gostaríamos que outros fizessem para si mesmos (Levítico cap.19). Simples assim. Basta voltar a viver conforme a essência que Deus nos criou a todos.

Quando Nossa Educação Deseduca

  A nossa educação deseduca sempre que ensinamos conhecimentos, sem instruir os valores éticos que devem dirigi-los. A nossa educação ...